Lucília Domingues Donato
Lucília nasceu em Guanambi, Estado da Bahia, filha de Joaquim Domingues de Souza e Josefina Domingues de Souza. Estudou nas Escolas Reunidas Getúlio Vargas hoje Grupo Escolar Getúlio Vargas onde concluiu a 5ªsérie primária.Formou-se em Magistério pela Escola Normal de Caetité. Aprovada em curscurso público foi nomeada para Guanambi, Nesse mesmo ano foi convidada pela Diretora do Ginásio e Escola Normal São Lucas , Profa. Enedina Macêdo, para lecionar Desenho e Matemática , posteriormente exerceu o cargo de secretária do referido colégio.. Dentre outros cargos foi a primeira Diretora do Colégio João Durval Carneiro, hoje CEEP. Primeira Diretora da Unidade Escolar Municipal Castro Alves em Mutãs.; Primeira Secretária de Educação do Município e Primeira Secretária da Direc 30, hoje Surede 30 Foi também Assistente de Diretora. do Grupo Escolar Gercino Coelho e Vic-Diretora do Grupo Escolar Getúlio Vargas. Hoje aposentada é membro da Academia Guanambiense de Letras.
Escrveu os romances: CATARINA, MAIS MENINA QUE MOÇA;
AMOR ALÉM-MAR.
OS LIVROS INFANTIS:
TITO E AFLAUTA ENCANTADA;
JEREMIAS E O BURRINHO;
BRINCANDO DE INVENTAR HISTÓRIAS
CRÔNICAS .CONTOS E POESIAS..
POR DÁRIO COTRIM, CONFRADE E AMIGO.
07/07/2011 - 08h35m
- Antes tarde do que nunca. Esse adagiário qualifica agora a falta cometida por nós quando degustamos a leitura do livro-romance Catarina, mais menina do que moça. No entanto, descrever considerações sobre este belíssimo livro-romance, da eminente escritora-romancista e artista plástica, professora Lucília Domingues Donato, sempre foi um desejo nosso, haja vista a evidência de idênticas qualidades e situações que se enquadram em nosso modo de assim pensar. Felizes os que vivem momentos semelhantes aos de Catarina. Não obstante a isso, o destino sempre nos causa surpresas desagradáveis. As boas ações, entretanto, superam as deficiências de nossas vidas.
O livro-romance Catarina, mais menina que moça, de Lucília Domingues Donato tem uma particularidade incomum na literatura romanesca de minha terra. E, isto se deve sobre a forma da autora narrar os fatos numa gramática verdadeiramente impecável. Poderia ser um livro-romance comum, não fosse a criatividade das ideias no plano da composição literária. Aqui não é o aspecto moral, nem tão pouco a filosofia de vida, o que há de mais importante na escrita de Lucília Donato é, exatamente, a sua forma espontânea de narrar os fatos e as ações de uma época em que o amor tinha em si os seus limites. São nas ações da menina Catarina, onde mais focaliza a autora, a sua atenção em busca da felicidade. Isto é, tudo o que foi idealizado pela autora, num projeto memorialista, é agora exposto em formato de livro.
O título, outro melhor não haveria de existir para este livro-romance de Lucília Donato. Do Catarina, mais menina que moça ela traduz muito bem o enredo e a fantasia das meninas-moça e mulher, onde os nomes fictícios dos personagens avivam a nossa memória no limiar das lembranças de cada um. Assim, também, como nas das pessoas que são figuras coadjuvantes, todas elas inseridas nesta mesma história.
O sonho de Catarina é o sonho de um primeiro amor. É o sonho onde a emoção burila a curiosidade e cria situações bastante adversas. Ah, Catarina, mais menina que moça, sonhar será preciso.
Queremos, pois, congratularmos com a professora Maria Belma Gumes Fernandes pela impecável correção do livro. Ademais, o talento de escrever bem, de persuadir e comover por via das palavras coube a ilustre autora que, em todos os momentos, narrou esta linda fantasia de menina-moça e mulher. Para os leitores mais exigentes, utilizou a autora da prosa-poética como fonte de deleite, para captar-lhes as emoções e a sensibilidade. Entretanto, disse ela no intróito do livro: - Escrever é arte. Não tenho o dom nem a arte da escrita. É-me difícil escrever.... Ah, e se tivesse...
Ora, necessitava a autora somente de renovadas paixões e de afetos patéticos para poder desenvolver o seu trabalho narrativo, os que ela foi buscar nos seus velhos alfarrábios. Porque, romancear ela sabe, e sabe muito bem. Por tudo isso o livro-romance de Lucília Donato traz consigo a marca indelével de uma vida exemplar, constituída pelos caprichos de uma adolescência precoce, quando ainda, o amor e a família, eram os dons de maior importância na vida das pessoas. Outrossim, o livro-romance Catarina, mais menina que moça vem reforçar a crendice popular de que é o amor que move o mundo. Neste caso: - viva o amor!
CRÒNICA
A CHUVA
Depois de longos e intermináveis dias de sol ardente, e de um calor sufocante, que nem o ventilador de teto dava conta de amenizar tão brava quentura, acordei com uma goteira caindo ao lado da minha cama. Virei-me para um lado e para o outro. Nada mais do que cinco horas da manhã; a chuva cai serena e calma sobre o telhado, sinto um friozinho gostoso a percorrer meu corpo, aconchego-me, enrolo-me na coberta e passo a saborear esse clima gostoso, ameno, envolvente. Embalada pelo tamborilar da chuva na janela, o ping... ping... da goteira que molhava o chão do meu quarto e o cantar alegre dos cardeais na mangueira, voltei a dormir serenamente.
Agora sim, estava ali, aproveitando esse dia maravilhoso, porque nem sempre isso acontece. Chuva aqui é coisa rara, é coisa preciosa. Para nós da região do Polígono da Seca, chover é um presente, é dádiva divina.
Dormi prazerosamente, mais ou menos duas horas. Levantei-me feliz, radiante. Como eu, acredito que muita gente também se alegrava. A chuva fininha e mansa caiu durante todo o dia e noite adentro. Adoro a chuva, talvez porque aqui nunca chova ou chova muito pouco. Olho pela janela, a chuva cai, agora forte, a enxurrada vermelha alaga a praça, o canal não dá conta, a água se acumula, vem até a porta da minha casa e cobre o passeio, o vento sopra, chuviscos salpicam meu rosto, não vejo as casas do outro lado da praça, as árvores balançam os galhos. Os pardais recolheram-se nos seus ninhos. Que espetáculo!
Nos dias que se seguiram, o tempo continou chuvoso e nublado Uma semana depois o sol apareceu brilhante, fiapos de nuvens flutuavam no céu claro, resplandecente, os riachos transbordaram, os campos, antes tristes e secos, revestiram-se de nova roupagem em tons de verde variados.
A chuva veio e encheu novamente de vida a cidade antes monótona e triste: as ruas estavam desertas, os bancos geralmente lotados, agora vazios, podiam-se contar facilmente os clientes que ali estavam. O povo que sustenta o comércio sumiu. A seca desoladora. O açude de Ceraíma secando. O alto-falante anunciando o racionamento de água, o ânimo desgastado, o medo se abateu sobre os nossos sertanejos, que, apesar da coragem e bravura, se recolheram. Os animais padecendo de fome e sede.Ouve-se agora o som que vem de longe, estridente e divertido do Jingle Bell intercalado às propagandas enfadonhas e barulhentas dos alto-falantes, o barulho dos carros, o vai-e-vem das pessoas, o burburinho das ruas e a alegria contagiante dos transeuntes. No ar um cheiro de festa. É o Natal que se aproxima.
Disposta, como sempre feliz, pego o meu carro e saio sem pressa e sem destino. Quero apreciar esta manhã esplendorosa e clara, quero sorver o ar puro, a fragrância que exala da natureza, captar a energia, revigorar a esperança e contemplar a beleza da terra em festa.
Banhados pelas chuvas e sem a crosta pesada de poeira que toldava as folhas, os oitis brilham à luz do sol. O asfalto faísca. A cidade meio adormecida. Nas casas os jardins ostentam flores diversas e variadas. Algumas pessoas passam apressadas para o trabalho, um ou outro carro, bicicletas e motos aparecem e somem repentinamente. Tudo belo! Percorro as ruas silenciosas, depois dirijo-me para a estrada, sigo em direção à Fazenda Caiçara, que é banhada pelo rio Carnaíba de Dentro. Paro à margem da estrada e vejo, com orgulho, a vazante inundada, o rio trasbordando. Fico deslumbrada! Sinto saudades... Saudades dos tempos que não voltam mais.
Há mais de dez anos não via esta cena. Vale dizer que foi uma enchente pequena, mas de beleza extraordinária.
Volto para casa contente, na esperança de que chova mais.
CONTO
O Presépio
Lúcia raramente saía à noite. Mas aquele dia era um dia muito especial. Por isso resolveu sair com Clara sua melhor amiga, para dar um giro pelo centro da cidade, visitar o présepio que haviam armado na praça e à meia - noite cear com a família. Era Natal.
Clara, ao volante, falava de mil coisas enquanto Lúcia, sentada ao seu lado, não a ouvia. O pensamento vagueava confuso, o olhar perdido na escuridão da noite e nas ruas mal iluminadas. O presépio era uma paixão de criança e as boas e más lembranças povoavam a sua mente. À medida que se aproximavam do centro da cidade, as ruas iam se transformando, mais claras e mais iluminadas. Chegaram. Qual não foi a sua surpresa! A noite brilhava. Por todos os lados uma profusão de luzes multicoloridas alumiavam a cidade. As ruas ostentavam os mais variados e lindos enfeites de Natal e enchiam de encanto os olhares ávidos de novidades. Além da imensa e reluzente árvore de Natal, a Praça exibia, em tamanho natural, um magnífico e resplendecente presépio. Até aquele dia, não se lembrava de ter visto, em algum lugar, um igual ou parecido àquele. Ficou perplexa! O presépio ocupava uma vasta área do jardim da praça. A Estrela D’Alva, brilhante, formosa, indicava o caminho da manjedoura construída sob as frondosas árvores ornadas com milhares de luzinhas cintilantes. Em tamanho normal, a imagem do Menino Deus repousava sobre o berço de feno, os bracinhos abertos como que saudando a humanidade. Em pé, e de cada lado, estavam Maria e José. Próximo da gruta, os três Reis Magos, em mantos vermelhos, montados em lindos camelos. Espalhados pelo gramado que cingia a manjedoura, perfeitos e belos animas: uma vaquinha malhada, chifres potiagudos, deitada sobre a fofa grama, parecia remoer o alimento, ao lado um jumentinho pastava, acolá um alvo rebanho de carneiros. Completava a originalidade e a perfeição do presépio um lago de onde jorrava uma admirável fonte. Olha, admira e se encanta, entretanto não se sente alegre. Emocionada, convida Clara a sentar no banco do jardim, de onde poderia apreciar cuidadosamente o primorosa lapinha.
De repente, tudo na sua frente se transforma, navega no túnel do tempo, é menina de novo, vê a sua cidade pequenina, sem luz, sem calçamento, a praça nua por onde corria de pés no chão com os amiguinhos, livres, sem medo de bandidos, de drogados, nem de assaltos e raptos. Ouve o arrastar das chinelas da Mãe, indo do alpendre para a cozinha, da cozinha para a sala, no corre-corre da vida, na labuta do dia-a-dia. Escuta nitidamente a sua voz: - Crianças, por favor, se comportem. Ou dando ordens: - Lúcia, tome o leite. Outras vezes reclama de um, reclama de outro, ameaça umas chineladas. A cena muda, a Mãe e a Avó festivas e entusiastas, com um monte de pequenas mostras de tecidos, trocam idéias: Compra este, não, compra aquele que é mais bonito. Nas mãos, folheiam a revista de modas, escolhem os modelos para os vestidos novos que seriam usados no dia de Natal. Era o início dos preparativos para o grande acontecimento. Comprar roupas e sapatos novos. Todos teriam roupas novas e bonitas... Ouve palmas e novamente a voz meiga da mãe: - Vamos, vamos, crianças, hoje é dia de armar o presepe.Vê a casa cheia, as crianças correm de um lado para o outro, uma alegria desenfreada, uma algazarra ímpar; apesar da bagunça, todos ajudam. É dia de intensa alegria. De noite as vizinhas, reunidas em frente do presepe, louvam o Menino Deus
Faltam poucos dias, ela não dorme, ansiosa espera pelo Natal.
Chegou o grande dia De tarde, vestidos novos, fitas nos cabelos. Bonita, alegre, feliz, vai visitar os presepes. Ah! Como adorava ver o Menino Deus tão pequenino deitadinho sobre os capins! Os anjinhos voando sob o céu azul de lamê! Aqueles patinhos de celulóide flutuando num minúsculo lago rodeado de musgos e plantinhas verdes! Os carneirinhos com pêlos de algodão. Era o dia mais lindo de sua vida.
Natal foi, Natal voltou. Naquele ano foi surpreendida. Onde estáva o seu lindo e majestoso presepe?
- Agora temos a Árvore de Natal - responderam.
A cabecinha de criança não podia entender essa brusca mudança. No lugar do seu belo presepe botaram uma árvore cheia de bolinhas coloridas, lacinhos de fitas, velas e até mesmo um velhinho gordo de barbas brancas. Quem seria aquele velhinho barrigudo sempre sorrindo?
- É o Papai Noel, o bom velhinho que dá presente a todo mundo, ele vem à noite, entra pelo telhado, ou pela chaminé e coloca presentes nos sapatinhos - disseram.
Luisinho, seu amiguinho predileto, da sua idade, estava ao seu lado, atento, não perdia uma só palavra.Observava curioso a bela árvore armada num canto da sala. Arregala os olhinhos numa atitude de admiração ao ouvir falar do bom velhinho. Jamais ganhou um presente, seria então agora. Pensou. Seus olhos se iluminaram, seu coração acelerou, ia esperar o bom velhinho na noite de Natal. Como toda criança, ele também reinava no país do faz-de-conta. Sonhava acordado, esperava agitado o dia de Natal, para ganhar um belo presente. O que será? Uma bola? Um carrinho? Nunca tivera brinquedos, sempre brincava com os brinquedos dos amigos. Mas agora ele ia ter seu própio brinquedo, Papai Noel era bom, dava presente às crianças, ele também iria ganhar o seu. Assim imaginando, passava horas a fio deitado na sua caminha estreita, no seu pequenino quarto de uma só janela, até que dormia na doce esperança de ganhar um presente. Orfão de Mãe, vivia com a madrasta bêbada, que não se importava com ele, e um pai muito bom, mas que vivia viajando. Quando este estava em casa, dava-lhe carinho, abraçava-o, contava-lhe lindas histórias, aconselhava-o.
Natal chegou e com ele as esperanças de Luisinho se renovaram. Não, não iria dormir, queria ver quando ele, o generoso velhinho, entrasse no seu quarto e colocasse um lindo presente nos seus sapatinhos. Naquela noite foi para a cama mais cedo, estava frio, cobriu-se com um cobertor, deitou de costas, as mãozinhas cruzadas sob a cabeça, o olhar atento preso no teto. De quando em vez olhava para a porta. Esperou, esperou, esperou. Cansou. Pegou no sono.
No dia seguinte acordou sobressaltado. Saltou da cama num pinote e foi correndo ver os sapatinhos. Nada. Ficou tão triste, tão triste, que seus olhinhos se encheram de lágrimas. Mas logo se refez. Pensou:
- Com certeza, Papai Noel não gostou porque eu dormi.
Na rua, logo cedo, a meninada, entusiasmada com os brinquedos que ganhara do bondoso velhinho, brincava e mostrava os belos presentes.
- O que você ganhou, Luisinho? – Perguntou Lúcia.
- Nada – respondeu sem graça o menino.
- Nada?
- Nada. E saiu correndo para casa.
Todavia, Luisinho não desanimou. No ano seguinte botou os sapatinhos atrás da porta. Como das outras vezes, esperou, esperou, mas o bom velhinho não apareceu e não pôs presente nos seus sapatinhos.
Outro ano passou. O Natal se aproximava. Recanteado, Luisinho assistia, triste e sem entusiasmo, aos preparativos para o grande evento. Então peguntou:
- Lúcia, por que será que Papai Noel não gosta de mim?
- Não sei, Luisinho. Talvez porque você durma muito.
- E você não dorme?
- Eu durmo, mas acordo quando ele desce do telhado.
- E você já viu ele ? Como ele é?
- Tava escuro, não vi direito.
- Pois eu acho, Lúcia, que ele não gosta de menino pobre - disse com os olhinhos cheios de lágrimas.
Lúcia enxugou os olhinhos azuis com as mãozinhas delicadas.
- Não chora, não, seu bobinho. Mamãe disse que este ano vai ser diferente, Papai Noel vai vir com um carro cheio de presentes e todo mundo vai ganhar um e também vamos vê-lo de perto. Você vai ver. Ele vai trazer o seu presente também.
Ele sorriu. E novas esperanças brotaram naquela alma inocente. Não desanimou. Esperaria, ia conhecer o misterioso velhinho. Quem sabe ganharia um presentinho, nem que fosse uma bolinha de gude, um carrinho pequenininho! Será? Imaginava feliz. Como nos anos anteirores, dormiu agitado e no coraçãzinho a doce expectativa. À tardinha o bom velhinho passaria, entregando os presentes. Tomou banho, vestiu a sua melhor roupinha, para ele muito bonita, um sapatinho surrado, penteou os cabelos louros cacheados, foi para a porta da rua esperar o bondoso velhinho. A alegria se espelhava no rostinho angelical, os olhinhos azuis faiscavam de felicidade. Não demorou. Lá vem o carro, uma caminhonete, de longe divisou um homem tal qual aquele da figurinha de papelão que ele vira nas árvores de Natal, velhinho, gordo, barrigudo, roupas vermelhas, um gorro cobria-lhe a cabeça, barbas longas, brancas e sedosas,botas pretas, sentado entre um mundo de pacotes coloridos, acenava. A música propagava-se no ar. Atrás crianças acompanhavam o carro num alarido estonteante.
- Oba! é ele, o Papai Noel - gritou Luisinhoo com um sorriso enorme estampado no rostinho.
O carro parou na primeira casa, depois na segunda, na terceira, em outras e outras. Seu coração batia apressado, as mãos tremiam, os olhos espargiam luzes, a espera era alucinante. Finalmente o carro se aproximava cada vez mais.
- Lá vem Papai Noel! – Gritava. Batia palmas. Lá vem ele, sorria. O carro parou na casa ao lado, a casa da sua amiguinha, ali todos receberam lindos e caros presntes. Lúcia sorridente, feliz, ganhou um grande embrulho.
- Agora será a minha vez, ele está tão pertinho de mim - pensava Luisinho. Não se continha de tanta felicidade, mas...
O carro não parou. Seguiu à frente. De longe, Lúcia observava, viu o rostinho de Luisinho transfigurado, triste. Ela saiu correndo. Entrou na casa, o mundo havia desabado sobre ela. Atirou o embrulho no chão e gritava desesperadamente:
- Não quero este presente, não quero, não quero. Gritava a menina em prantos.
- Que foi, filhinha, por que diz isso? - a Mãe, a Avó, o pai inquiriam preocupados.
- Papai Noel é mau, mau, mau, ele não gosta de Luisinho. Ele é perverso. Ele não deu presente para meu amiguinho.
Dona Lala, emocionada, também chorou, ao ver a filha naquele estado, e uma brilhante idéai veio à sua mente.
A muito custo conseguiram acalmá-la.
Mais tarde, Lúcia correu em disparada para a casa do amiguinho, gritava:
- Luisinho, Luisinho, olha aqui o seu prsente, Papai Noel não esqueceu de você, ele, coitadinho, tão velhinho, errou, deixou seu presente lá na minha casa!
O menino, atônito, recebeu o presente, um carrinho de madeira pintado de vermelho e azul. Feliz abraça a amiguinha.
- Lúcia, Lúcia, é a voz de Clara que a chama. Assustada, volta a contemplar o imponente PRESÉPIO. Mas os olhos estavam embaçados pelas lágrimas que corriam pelas faces afogueadas.
Conto publicado na Antologia Contos e Conicas. Editada pela Scortecci, e lançada na 20 Bienal do Livro em Sao Paulo , Agosto de 2008.
POESIAS
Sauadosa Infância
Brincava de boneca
E também de casinha,
Sob a sombra da mangueira
Eu pulava amarelinha!
Na rua pulava corda
E puxava o arrastão
Despencava ladeira abaixo
Caindo no areão!
Os meninos gostavam de bola,
As meninas de peteca
E no passeio da escola
Nós jogávamos jereba!
Jogar versos a cirandar
Nas noites lindas de verão.
Sob o encanto do luar
Ouve-se uma bela canção!
Da viola os seresteiros,
E a lua a declinar,
Sons suaves, derradeiros,
Na madrugada a dedilhar,
Era tão divertida
Aquela vida de criança,
São tantas, saudades tantas,
Do tempo da minha infância.
Guanambi, 06 de Março de 2007
Lucilia Domingues Donato
Três amores
Com lápis e papel
Minhas netinhas sempre estão,
Desenhando e pintando
Ou rolando pelo chão!
São três rosas unidas
Enlaçadas nos braços meus.
São três netas queridas
Presentes que Deus me deu!
Camila, das três, é a primeira,
Olhar brilhante como o dia
Negra e longa a cabeleira,
Rosto lindo, que alegria!
Letícia doce e serena
De pureza angelical,
Mimosa como a açucena,
Tesouro divinal!
Alegria teu nome simboliza,
Cobres de encanto a vida minha
Tu és o sonho que concretiza
Minha fada, minha rainha!
Emoldura o rosto teu
Cachos d’ouro a brilhar
Incrustado no camafeu,
Fernanda, beleza sem par!
São três pequeninas flores
Que cultiva o meu coração,
Enchem-me de amores.
Oh! Deus, dai-lhes proteção!
! Guanambi, 06 de março de 2007
Lucilia Domingues Donato
FOLHAS AO VENTO
Folhas ao vento
Luzes multicores o arco-íris
Gotas de orvalho
Como lágrimas caem.
O beija- flor sedento
Da rosa vermelha
A bebida dos deuses
Vem sugar.
Policromas asas
Sobre os jardins floridos
Das borboletas a voejar
Enfeites da vida.
Verdes árvores, fecundo vergel.
Por montes e vales espraiam os rios.
Como papel lançado ao vento
Vão os nossos amores.
Poesia foi publicada na Antologia
OS MELHORES POESIAS DE 2008 da CBJE..
Guanambi , 09 de abril de 2008
Lucília Domingues Donato
UM GRITO DE MORTE
Lá vai João... Foice no ombro,
Chapéu na cabeça, chinelos de couro
Na cintura o facão.
Lá vai João... Coração na mão
Cumprir a ordem do inculto patrão
Derrubar a árvore
Transformá-la em carvão.
Por entre relvas e espinhos
Folhas secas espalhadas no chão
Lá vai João... Triste, sozinho
Longo caminho a palmilhar:
À beira da estrada , de longe avista,
Bela , altaneira, a árvore querida
A cuja sombra fagueira passava
Horas inteiras a dormitar.
Dos bravos guerreiros
É nobre guarida
Que apraz à vida de quem sabe amar!
Sobre os tenros galhos
Em doces agasalhos
Os passarinhos
Vão se aninhar
Lá vai João...
Sempre a pensar
Sem o teto amigo,sem o doce abrigo
Os saborosos frutos vão acabar
Frutos que saciam a fome
O que pensa o homem?
De rara beleza
A Mãe Natureza
Está a findar
Ao longe o rio chora
A fauna implora
Não mais se ouve
O lindo canto do sabiá.
Lá vai João....
Chega ao destino
Um desatino vai praticar
Dilacera o coração.
Olha para o céu, pede perdão
Oh! Deus, o que fazer?
Parte-lhe no peito o coração
Levanta a foice, tremem-lhe as mãos
Ao desferir o rude golpe
A seiva explode
E um grito de morte fez-se ouvir.
A árvore geme, as folhas tremem
E o eco se perde na imensidão
Lá está João...
Prostrado na terra a prantear.
Oh! Deus, o que fazer?
Cumprir a ordem
Ou fugir ao dever?
Derrubar? Matar? Não posso,
Prefiro morrer!
As matas imploram
E os rios choram a expirar.
Com esta poesia a autora conquista o titulo de PATRONA CULTURAL DO FORUM SOBREVIVER e foi publicada na Antologia PALAVRAS VERDES da CBJE em 2007
LEMBRANÇAS
Quando desponta o róseo dia
E, no telhado, vem o vento assobiar,
Quando ouço a passarada,
Lembro-me de ti, a suspirar!
Brilha o sol e ilumina.
Vai a primavera, vem o verão
E a música que enternece
Faz vibrar meu coração.
Desabrocham em harmonia
As flores do nosso jardim,
Chuvas de pétalas caídas
Cravos, rosas e jasmins.
Belas rosas coloridas
Do jardim ias roubar.
Enlaçadas ao teu sorriso
O presente a me ofertar.
E a doce e suave fragrância
Fazia-me feliz o despertar.
No profundo azul do céu
Alvas nuvens a dançar.
Na varanda passo horas,
Horas passo a contemplar.
Ouço, triste, o canto alegre
Do garboso sabiá.
Lembranças tuas presentes
Banhadas pelo luar
Nas noites frias e serenas
Penso em ti, a suspirar!
Guanambi, 23 de Fevereiro de 2008
Obs. Poesia publicada Br Letras
Os mais belos poemas de amor.
Devastaçao..
Derrama a seiva a árvore em flor
Perfuma o céu a tua fragância
Sangra o coração , imensa dor,
Ao ver-te por terra a rolar.
Ó bendito senhor das matas
Dás à flora proteção
Ó Cornífero , deus das florestas,
Acabas com a devastação.
Ó homem estulto, embrutecido,
De ambiçao vil e cruel !
Tenhas da natureza piedade
Lembras te da vindoura geração!
EVENTOS:
NOITE DE AUTÓGRAFO
LANÇAMENTO DOS LIVROS: JEREMIAS E O BURRINHO, TITO E A FLAUTA ENCANTADA

EVENTOS:
NOITE DE AUTÓGRAFO
LANÇAMENTO DOS LIVROS: JEREMIAS E O BURRINHO, TITO E A FLAUTA ENCANTADA

A Academia Guanambiense de Letras juntamente com a Escritora Lucília Domingues Donato promoveram uma Noite de Autógrafo, relaizada na Câmara Municipal de Guanambi.
Componentes da mesa

A sociedade guanambiense prestigia a escritora
Presidente da mesa
Guanambi prestiagia a nossa Cultura
A sociedade guanambiense prestigia a escritora
Bailarinos: Camila, Lunardo, Letícia, Fernanda, Cauane e Emily