domingo, 31 de julho de 2011

Academia Guanambiense de Letras : Patronos e Acadêmicos




ACADEMIA

A palavra ACADEMIA vem do grego próprio “ Academo”. Herói grego a que se consagrou um jardim de oliveiras, perto de Atenas. PLATÃO estabeleceu sua escola nesse bosque ( Bosque da Academia) , tendo funcionado essa escola entre 387 A.C. a 529 D.C.    Em  literatura ACADEMIA significa: “ reunião de homens de letras e artistas  com fim meramente estéticos”,  ou  “cenáculos e corporações públicas e oficias para o cuidado da língua e o fomento da literatura”.  Entendida inicialmente apenas como um bosque. Com Platão a ACADEMIA  adquiriu sentido filosófico  e cultural. A escola de Platão  foi muito conhecida durante quase um milênio. Dedicado ao culto das musas, abrigou igualmente o ensino da Matemática, Música, Astronomia base da dialética de Platão.

ACADEMIA DE LETRAS NO BRASIL

Graças à notoriedade alcançada desde  o Renascimento por diversas Academias italianas e francesa a partir do século XVIII,  a tendência repercute no Brasil, a princípio na formação de pequenas associações de escritores nos moldes  das que já se haviam constituído em Portugal. A Academia Brasileira de Letras foi fundada em 15 de Dezembro de 1896. Surgiu  à semelhança da francesa e por iniciativas dos escritores: Medeiros de Albuquerque, Lúcio Mendonça, Machado de Assis  e Joaquim Nabuco.  
A Academia Brasileira de Letras é uma  entidade privativa com o objetivo  preservar a língua e a literatura nacionais. Foi inaugurada em 20 de julho de 1897 e foi seu primeiro Presidente Machado de Assis.
Após 80 anos de sua fundação, Rachel de Queiroz foi a primeira mulher eleita para ocupar uma cadeira na ABL.

ACADEMIA DE LETRAS EM GUANAMBI
Sede da Academia Guanambiense de Letras
Praça da Bandeira, 338- Guanambi - Bahia
No dia 18 de Fevereiro de 1999, na cidade de Guanambi, Ba, foi fundada a Academia Guanambiense de Letras (AGL) , uma sociedade civil , de caráter cultural, sem fins lucrativos e personalidade jurídica  própria. Algumas pessoas  dedicadas e apreciadoras da cultura articularam um movimento com  o propósito de constituir uma entidade que pudesse congregar os valores literários, bem como promover e incentivar a literatura da região.
Esta inicativa coube  aos eméritos cidadãos: Benedito Teixeira Gomes, Benevaldo Pereira Costa, Dario Teixeira Cotrim,  Délia de Castro Costa Santos, Elísio Guimarães, Elzita Ladeia, Juarez Elcino, João Martins, Ney Clayton Araujo, Natanael Melo, Sizaltina Donato, Salvani Cotrim, Terezinha Teixeira Santos, Waldir da Silveira Lima,  Wagner Moraes eVandilsom Bonfim.

A Academia Guanambiense de Letras, assim constitída, compoe de 17 ( dezessete cadeiras) com seus respectivos patronos.


PATRONOS
 1º Otelino Ferreira Costa

Foi a vida de Otelino Ferreira Costa circundada por uma simbologia muito grande e muito forte.

Desde o seu nascimento já se fazia antever- como sempre o foi - um homem de caráter firme, um doador em potencial. O carisma e os dons recebidos do Grande  Arquiteto do Universo, jamais poderia retê-los para si, mas sim... colocá-los à disposição do outrem, dos seus semelhantes.

Nascido em... 10/12/1908, cuja soma

10+12+1908 = 1930;

1+9+3+0 =13;

1+3 =  4 (QUATRO);

Faleceu numa  terça-feira (3ª ) (TRÊS); 

sendo sepultado na quarta-feira (QUATRO);

3+4 = SETE, 

 no dia 25.03.1997 cuja soma

25+03+1997 =2025;

2025 = 2+0+2+5 = 9 (NOVE)

(3 - 4 -7 - 9)

O nº  TRÊS representa o Pai, o Filho e o Espírito Santo; o poder, o amor e a inteligência criativa . Aqueles que estão sobre a sua vibração, quase sempre são universalmente admirados, têm muitos amigos, inclinação política e às causas sociais.

O nº QUATRO  significa grandeza, vastidão, imensidão. É símbolo dos quatro cantos da terra, da imensidão, do espaço e do tempo, simbolizando também os quatro elementos  formadores do Universo: terra, fogo, água e ar. No que refere às pessoas representa  solidez, atividade constante, persistência nos seus propósitos, regularidade, método, ordem e capacidade de grandes esforços para a execução dos projetos sem desanimar , jamais. São elas dotadas de grandes energias, capacidade realizadora e qualidades sociais.  

O nº SETE  expressa a realização completa de uma coisa.  Por isso em hebreu ¨ sete¨  , ¨ completar ¨ são, praticamente,  sinônimos.  ( No sétimo dia Deus completou  as suas obras e descansou.)  Sete, eram os planetas  conhecidos no mundo antigo e medieval.  Os sete planetas formavam  a base simbólica  da Torre de Babel e foram usadas por  Dante para representar as regiões do Paraíso. Sete  dias da semana, sete notas musicais, etc. Refere-se a pessoas de qualidades muito atrativas, possuidoras da faculdade de adquirir numerosas simpatias no mundo social, sendo sua influência das mais benéficas  para a humanidade e dado à filantropia, gozando de grande popularidade. 

O nº  NOVE é o símbolo da atividade  universal.  Número próprio das pessoas que inspiram confiança aos outros e triunfam pela  sua energia e atividade. Muito ativas em seus pensamentos e atos, possuindo aptidões  naturais  para tudo o que exige  energia e esforço, geralmente, pessoas honestas e sinceras.

Apenas rápidas pinceladas sobre a simbologia dos referidos números referidos (fontes variadas). Muito mais se poderia dizer, constituindo matérias não apenas para uma página, mas para  o conteúdo de uma Revista  ou  mesmo de Livros.

Coincidência ou não, vale ressaltar que  Otelino Ferreira Costa, residiu na casa nº 13 e quando houve uma nova  numeração por parte da Prefeitura, sua casa recebeu o nº 94 que, na realidade, resulta em 13;  9+4 = 13, e 1+ 3 =  4.

Assim viveu  Otelino Ferreira Costa!

Deixando saudades  nos familiares ( excelente pai de família, extremoso avô e bisavô), nos irmãos maçons ( fundador da Loja Maçônica Fraternidade de Guanambi), nos seus conterrâneos ( serviu a este Município como Vereador, num trabalho incessante  para o progresso da sua terra ) bem como, em todos  que o conheceram, pois jamais se furtava ao comprometimento cristão e maçônico -  Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo,  tendo sempre presente os princípios da Liberdade, Igualdade, Fraternidade. E quantas e  quantas pessoas, no anonimato, foram beneficiadas por este tão grande cidadão que compreendia e  fazia  cumprir  a ordem do Irmão Maior...  que a sua mão esquerda não veja o que faz a  sua direita.

Partiu Otelino para o Oriente  Eterno, mas a sua lembrança será  uma  ausência,  sempre presente.

Ganha a Academia  Guanambiense de Letras pela escolha do  nome OTELINO FERREIRA COSTA  para  PATRONO  de uma de suas cadeiras ,    a Cadeira nº 01.

NÚMERO 1 -  o  número dos grandes  líderes!

 
2° Joaquim Dias Guimarães

    3° Domingos Antônio Teixeira

4° Antônio Frederico de Castro Alves

Camerino Neves
 
6° João Gumes

7° Anísio Spínola Teixeira

8° Gileno Pereira Donato
 

GILENO PEREIRA DONATO

Gileno Pereira Donato , nasceu em Guanambi, no dia 23 de fevereiro de 1934, filho de  Henrique Pereira Donato e Emília Mila de Castro. Aos sete anos de idade  ingressou no Grupo  Getúlio Vargas,  onde  conclui o curso primário. Seguiu depois para a Diamantina, Minas Gerais, onde cursou as duas  primeiras séries do curso ginasial. Naquele ano, uma tragédia abateu sobre a família. Seu pai ao cair  num tanque cheio de água, e, não sabendo nadar , veio a falecer, deixando-o órfão. A perda do seu herói, seu ente querido foi um golpe cruel que o marcou por  toda a vida. 
 No ano seguinte,  optou transferir-se para Caetité-Ba e  ali terminou o curso ginasial. Desejoso de dar continuidade aos estudos , o seu sonho maior, segue  para Belo  Horizonte.  Matricula-se no curso científico do Colégio Anchieta. Ao concluir o cientifico, Gileno volta à Diamantina,  presta vestibular para Odontologia, conquistando a aprovação. Quando estudante, Gileno participava ativamente dos movimentos políticos e estudantis, chegando a ser presidente  do Diretório Acadêmico em Diamantina. Estudante dedicado , dinâmico, assíduo, bem comportado e responsável  nunca  foi reprovado. Chegou a ministrar aulas de Química e Física para os seus colegas.

 Em 18 de Dezembro de 1960  forma-se em Odontologia,  a primeira turma de formandos da Faculdade de Diamantina. Teve como paraninfo  da turma o  então Presidente da República Juscelino Kubitschek. No mesmo dia, contrai  núpcias com a Professora Lucília  Domingues .

 Em Janeiro de 1961,  retorna a Guanambi , onde fixa residência , e passa a trabalhar como odontólogo. Profissional competente,  atendendo a uma  grande clientela vindo de  todos  os municípios da região. Nesse mesmo ano, foi eleito vereador. No ano seguinte, 1962,  foi nomeado  para o cargo de cirurgião dentista  do Posto de Saúde Gercino Coelho , exercendo a profissão  até o final de sua vida. 

Posteriormente se candidata, de novo, ao cargo  de vereador, sendo candidato mais votado do Município. Vale ressaltar que os vereadores naquela época não eram remunerados.

Como professor, lecionou Biologia no Ginásio e Escola Normal São Lucas. ocupando também o cargo de Diretor. Posteriormente, continuou a lecionar  no Colégio Luís Viana Filho .

Em 1982  se candidatou a Vice-Prefeito na chapa de Nilo Augusto Moraes Coelho, que se elege  com uma maioria expressiva. Nilo governa até  1986,  se afastando do cargo  para ser candidato a vice-Governador juntamente com Wldir Pires.  Gileno  ascendeu ao governo do Município.
O seu curto mandato  foi marcado por obras relevante e de grande porte .
Em 28 de Fevereiro de 1992, submeteu a uma cirurgia gastro, constatando a presença de um câncer, que o levou a óbito no dia 05 de Setembro do mesmo ano, deixando a viúva Lucília Donato e duas filhas: Emília Domingues Donato  e Diana Domingues Donato. 
A vida de Gileno foi pautada por nobres exemplos como esposo, pai, irmão  amigo. Homem de  caráter nobre, trabalhador, firme em suas decisões,  conduta honrosa, corajoso, Gileno trilhou o caminho de vida com sabedoria e brilhantismo.
GILENO  PEREIRA DONATO FOI HOMENAGEADO PELA ACADEMIA GUANAMBIENSE DE LETRAS COMO PATRONO DA CADEIRA Nº 08.


 9° Laert Ribeiro da Silva
 
10° Júlio Afrânio Peixoto

17 de dezembro de 1876, Lençóis, BA (Brasil)
12 de janeiro de 1947, Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

11° Vilobaldo Neves Freitas


12° Joaquim Maria Machado de Assis


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  .

13° Maria Amaral Guimarães Godim


14° Washington Domingues de Souza

Souza, nasceu em Guanambi- BA. Filho de Joaquim Domingues de Souza  e Josefina Domingues de  Souza.
Estudou no Grupo Escolar Getúlio Vargas, onde  concluiu o ensino primário. Depois seguiu para Caetité  cursando ali as primeiras séries do curso ginasial, Transferiu-se para o Ginásio de Guanambi , na época da sua fundação. A sua turma foi a primeira a concluir o ginásio em Guanambi, constava  a turma com  apenas cinco alunos. Posteriormente seguiu para o Rio de  Janeiro  onde concluiu o curso científico, Ali também prestou vestibular para Direito e foi aprovado. Cursou apenas alguns meses, por motivo de força maior teve de abandonar os estudos e retornar à terra natal.
Como professor lecionou História no Ginásio de Guanambi. Como era  fascinado por  fotografias, montou o  estúdio  fotográfico: "FOTO SOUZA".   Profissão que abraçou  com amor e dedicação. Foi um excelente profissional.
Apreciador de grandes escritores. Tinha na leitura o seu lazer.  Se destacou como orador  admirado por todo.
Homem simples , honesto,, trabalhador e temente a DEUS
Escreveu o  livro "BATENDO NA TECLA" - livro de cunho religioso.
Washington Domingues de Souza  foi o primeiro escritor Guanambiense a editar um livro.


 

 
16° Gercino Coelho

 

 


ACADÊMICOS

Profª. Délia de Castro Costa Santos
 Cadeira 01 - Patrono Otelino Ferreira Costa


Délio João Viana Martins 
Cadeira Nº02 - Patrono-  Joaquim Dias Guimarães
Terezinha Teixeira Santos
 Cadeira Nº 03 - Patrono Domingos Antônio Teixeira
 
Benedito Teixeira Gomes
 Cadeira Nª 04- Patrono: Castro Alves

 
Elzita Ladeia Teixeira
 Cadeira Nº05 - Patrono: Camerino Neves
 
 

ACADÊMICO: NATANAEL MENDES MELO
 Cadeira  Nº 09- Patrono Dr. Laert Ribeiro da Silva



Lajucy Donato
Cadeira  Nº07 - Patrono Anísio Spínola Teixeira


Lucília Domingues Donato
 Cadeira Nº 08- Patrono - Dr. Gileno Pereira Donato
Ney Clayton Melo Araújo
Cadeira Nº 10- Patrono: Afrânio Peixoto
Kátia Montalvão
 Cadeira Nº11- Patrono: Vilobaldo Freitas



Claudio Bispo de  Almeida
Cadeira nº       Patrono :

 
Elísia Cotrim
                    Cadeira nº 12 - Patrono - Machado de Assis


Josias Benevides da Silva
 Cadeira Nº 16- Patrono : Benjamim Vieira Costa


Sócios   Correspondentes
Deomídio Macêdo
 

CADEIRAS VAGAS

 
09- Laert Ribeiro
 
13-Maria Amaral Gondim
14- Washington Domingues de Souza -
15-Wanda Neves Freitas de Lélis - José Guimarães





(falta foto)


(falta foto)








Academia Guanambiense de Letras:Trabalhos Literários








Lucília Domingues Donato, nasceu em Guanambi-Ba.Professora de 1º e 2º graus, Artista Plástica. Dentre outros, ocupou os cargos: Diretora do Centro Educacional. João D. Carneiro; Diretora da Unidade Municipal Castro Alves; Vice-Diretora do Grupo Escolar Getúlio Vargas; Assistente de Direção Grupo Escolar Gercino Coelho; Secretária de Educação do Município de Guanambi e Secretária da Direc 30. Hoje, aposentada é Membro Efetivo da Academia Guanambiense de Letras. Escreveu os romances: “Catarina, Mais Menina que Moça”,   “Amor Além-mar”, História Infantis: Tito e a Flauta Encantada, Jeremias e o Burrinho; Brincando de Inventar Hiatórias. Escreveu também posias, contos e crônica .
Viúva do Ex - Prefeito do  Município de Guanambi Dr. Gileno Pereira Donato..




Catarina, mais menina do que moça


POR DÁRIO COTRIM, CONFRADE E AMIGO.
07/07/2011 - 08h35m

- Antes tarde do que nunca. Esse adagiário qualifica agora a falta cometida por nós quando degustamos a leitura do livro-romance Catarina, mais menina do que moça. No entanto, descrever considerações sobre este belíssimo livro-romance, da eminente escritora-romancista e artista plástica, professora Lucília Domingues Donato, sempre foi um desejo nosso, haja vista a evidência de idênticas qualidades e situações que se enquadram em nosso modo de assim pensar. Felizes os que vivem momentos semelhantes aos de Catarina. Não obstante a isso, o destino sempre nos causa surpresas desagradáveis. As boas ações, entretanto, superam as deficiências de nossas vidas.
O livro-romance Catarina, mais menina que moça, de Lucília Domingues Donato tem uma particularidade incomum na literatura romanesca de minha terra. E, isto se deve sobre a forma da autora narrar os fatos numa gramática verdadeiramente impecável. Poderia ser um livro-romance comum, não fosse a criatividade das ideias no plano da composição literária. Aqui não é o aspecto moral, nem tão pouco a filosofia de vida, o que há de mais importante na escrita de Lucília Donato é, exatamente, a sua forma espontânea de narrar os fatos e as ações de uma época em que o amor tinha em si os seus limites. São nas ações da menina Catarina, onde mais focaliza a autora, a sua atenção em busca da felicidade. Isto é, tudo o que foi idealizado pela autora, num projeto memorialista, é agora exposto em formato de livro.
O título, outro melhor não haveria de existir para este livro-romance de Lucília Donato. Do Catarina, mais menina que moça ela traduz muito bem o enredo e a fantasia das meninas-moça e mulher, onde os nomes fictícios dos personagens avivam a nossa memória no limiar das lembranças de cada um. Assim, também, como nas das pessoas que são figuras coadjuvantes, todas elas inseridas nesta mesma história.
O sonho de Catarina é o sonho de um primeiro amor. É o sonho onde a emoção burila a curiosidade e cria situações bastante adversas. Ah, Catarina, mais menina que moça, sonhar será preciso.
Queremos, pois, congratularmos com a professora Maria Belma Gumes Fernandes pela impecável correção do livro. Ademais, o talento de escrever bem, de persuadir e comover por via das palavras coube a ilustre autora que, em todos os momentos, narrou esta linda fantasia de menina-moça e mulher. Para os leitores mais exigentes, utilizou a autora da prosa-poética como fonte de deleite, para captar-lhes as emoções e a sensibilidade. Entretanto, disse ela no intróito do livro: - Escrever é arte. Não tenho o dom nem a arte da escrita. É-me difícil escrever.... Ah, e se tivesse...
Ora, necessitava a autora somente de renovadas paixões e de afetos patéticos para poder desenvolver o seu trabalho narrativo, os que ela foi buscar nos seus velhos alfarrábios. Porque, romancear ela sabe, e sabe muito bem. Por tudo isso o livro-romance de Lucília Donato traz consigo a marca indelével de uma vida exemplar, constituída pelos caprichos de uma adolescência precoce, quando ainda, o amor e a família, eram os dons de maior importância na vida das pessoas. Outrossim, o livro-romance Catarina, mais menina que moça vem reforçar a crendice popular de que é o amor que move o mundo. Neste caso: - viva o amor!


CRÒNICA                                                                   
                             

                                                                        A  CHUVA

Depois de  longos e  intermináveis dias de sol ardente, e de um calor sufocante, que nem o ventilador de teto  dava conta de amenizar tão brava quentura, acordei com uma goteira caindo ao lado  da  minha cama. Virei-me para um lado e para o outro. Nada mais do que cinco horas da manhã; a chuva cai serena e calma sobre o telhado,  sinto um friozinho gostoso a percorrer meu corpo, aconchego-me, enrolo-me na coberta e passo a saborear esse clima gostoso, ameno, envolvente. Embalada pelo tamborilar da chuva na  janela, o ping... ping... da goteira  que molhava o chão do meu quarto e o cantar  alegre dos cardeais na mangueira,  voltei a dormir serenamente.
Agora sim, estava ali, aproveitando esse dia  maravilhoso,  porque nem sempre  isso acontece. Chuva aqui é coisa rara,  é coisa preciosa. Para nós da região do Polígono da Seca, chover é um  presente, é  dádiva divina.
Dormi  prazerosamente,  mais ou menos duas horas. Levantei-me feliz, radiante. Como eu, acredito que   muita gente também se alegrava. A  chuva  fininha e mansa caiu durante todo o dia  e noite adentro. Adoro a chuva, talvez porque aqui nunca chova ou  chova  muito pouco. Olho pela janela, a chuva cai, agora forte, a enxurrada vermelha alaga a praça,  o canal não dá conta, a água se acumula,  vem até a porta da minha casa e cobre o passeio, o vento sopra, chuviscos salpicam meu rosto, não vejo as casas do outro lado da praça,  as árvores balançam os galhos. Os pardais recolheram-se nos seus ninhos. Que espetáculo!
Nos dias que se seguiram, o tempo continou chuvoso e nublado Uma semana depois  o sol apareceu brilhante, fiapos de nuvens flutuavam no céu claro, resplandecente, os riachos  transbordaram,  os  campos, antes tristes e secos,  revestiram-se de nova roupagem  em tons de verde variados.
            A chuva veio e encheu  novamente de vida a cidade antes monótona e triste: as ruas estavam desertas,  os bancos  geralmente lotados, agora  vazios, podiam-se  contar facilmente os clientes que ali estavam.  O povo que sustenta o comércio sumiu. A seca  desoladora. O açude de Ceraíma secando. O alto-falante  anunciando o racionamento de água, o ânimo desgastado, o medo se abateu sobre os nossos  sertanejos, que, apesar da  coragem e bravura, se recolheram. Os animais   padecendo de fome e sede.Ouve-se agora o  som que vem de longe, estridente e divertido do Jingle Bell intercalado às propagandas enfadonhas e barulhentas dos alto-falantes, o barulho dos carros, o vai-e-vem das pessoas, o burburinho das ruas e a alegria contagiante dos transeuntes. No ar um cheiro de festa. É  o Natal que se aproxima.
            Disposta,  como sempre  feliz, pego o meu carro e  saio sem pressa e sem destino. Quero apreciar esta manhã esplendorosa e clara, quero sorver o ar puro, a fragrância que exala da natureza, captar a energia,  revigorar a esperança e contemplar a beleza da terra em festa.
Banhados pelas  chuvas e sem a crosta pesada de poeira que toldava as folhas, os oitis  brilham à luz do sol. O asfalto faísca. A cidade meio adormecida. Nas casas os jardins ostentam  flores  diversas e variadas.  Algumas pessoas passam apressadas para o trabalho, um ou outro carro, bicicletas e motos aparecem e somem repentinamente. Tudo belo! Percorro as ruas silenciosas, depois dirijo-me para a estrada, sigo em direção à Fazenda Caiçara, que é banhada pelo rio Carnaíba de Dentro. Paro à margem da estrada e vejo, com orgulho, a vazante inundada, o rio trasbordando. Fico deslumbrada! Sinto saudades... Saudades dos tempos que não voltam mais.
Há mais de dez anos não via esta cena. Vale dizer que foi uma enchente  pequena, mas  de  beleza extraordinária.
Volto  para casa contente, na esperança  de que chova mais.


                       

  CONTO                  

  
                                              O  Presépio
Lúcia  raramente  saía à  noite. Mas aquele dia  era um dia  muito especial. Por isso resolveu sair  com Clara sua melhor amiga, para dar um giro pelo centro da cidade, visitar o présepio que haviam  armado  na praça e  à meia - noite cear com a família. Era Natal.
Clara, ao volante, falava de mil coisas  enquanto Lúcia, sentada ao seu lado, não a ouvia. O pensamento vagueava confuso, o olhar perdido na  escuridão da noite e nas ruas mal iluminadas. O presépio era uma paixão de criança  e as boas e más lembranças povoavam a sua mente. À medida que se aproximavam do centro da cidade, as ruas iam se transformando, mais claras e mais iluminadas. Chegaram. Qual não  foi a sua surpresa! A noite  brilhava. Por todos os lados uma profusão de luzes multicoloridas alumiavam  a cidade. As ruas ostentavam os mais variados  e lindos enfeites de Natal e enchiam de encanto os olhares ávidos  de novidades. Além da imensa e  reluzente árvore de Natal, a Praça exibia, em tamanho  natural, um  magnífico e resplendecente  presépio. Até aquele dia, não se lembrava de ter visto, em algum lugar, um  igual ou parecido àquele. Ficou perplexa! O presépio ocupava uma vasta área  do jardim da praça. A Estrela D’Alva, brilhante, formosa, indicava o caminho da manjedoura construída sob as  frondosas árvores ornadas  com   milhares de  luzinhas cintilantes. Em tamanho normal, a imagem do Menino Deus   repousava sobre o berço de feno, os  bracinhos abertos como que saudando  a humanidade. Em pé,  e de cada lado, estavam Maria e José. Próximo da gruta,  os três  Reis Magos, em mantos vermelhos, montados em lindos camelos. Espalhados pelo gramado que cingia a manjedoura, perfeitos e belos animas: uma vaquinha malhada, chifres potiagudos, deitada sobre a fofa grama, parecia remoer o alimento, ao lado um jumentinho pastava,  acolá um alvo rebanho de carneiros. Completava a originalidade e a perfeição do  presépio um lago de onde jorrava  uma admirável fonte.  Olha, admira e se encanta,  entretanto  não se sente alegre.  Emocionada, convida Clara a  sentar no banco do jardim, de onde poderia apreciar cuidadosamente o primorosa lapinha.
  De repente, tudo na sua frente se transforma, navega no  túnel do tempo, é menina de novo, vê a sua cidade pequenina, sem  luz, sem calçamento, a praça nua por onde  corria de pés no chão com os amiguinhos, livres, sem medo de bandidos, de drogados,  nem de assaltos e raptos.  Ouve o arrastar das chinelas da  Mãe, indo do alpendre para a cozinha, da cozinha para a sala, no corre-corre da vida, na labuta do dia-a-dia. Escuta nitidamente a sua voz: - Crianças, por favor, se comportem.  Ou dando ordens: -  Lúcia, tome o leite. Outras vezes reclama de um, reclama  de outro, ameaça umas chineladas. A cena muda, a Mãe e a Avó  festivas e entusiastas,  com um monte de pequenas mostras de tecidos, trocam idéias: Compra este, não, compra aquele que é mais bonito. Nas mãos, folheiam a revista de modas, escolhem  os modelos para os vestidos novos que seriam usados no dia de Natal. Era o início dos preparativos para o grande acontecimento. Comprar roupas e sapatos novos.  Todos teriam  roupas novas e  bonitas... Ouve palmas e novamente a voz meiga da mãe: - Vamos, vamos, crianças, hoje é dia de armar o presepe.Vê a casa cheia, as  crianças correm de um lado para  o outro, uma alegria desenfreada,  uma  algazarra ímpar;  apesar da  bagunça, todos ajudam.  É dia  de intensa alegria. De  noite as vizinhas, reunidas em frente do presepe,   louvam o  Menino Deus
Faltam poucos dias,  ela não dorme,  ansiosa espera pelo  Natal.
Chegou o grande dia De tarde, vestidos novos,  fitas nos cabelos. Bonita, alegre, feliz, vai visitar os presepes. Ah! Como adorava  ver  o Menino Deus  tão pequenino   deitadinho  sobre os capins!   Os anjinhos voando sob  o céu azul de lamê! Aqueles patinhos de celulóide flutuando num minúsculo lago rodeado de musgos e plantinhas verdes! Os carneirinhos com pêlos  de algodão.  Era o dia mais  lindo de sua vida.
Natal foi, Natal voltou. Naquele ano foi surpreendida. Onde estáva  o seu lindo e majestoso presepe?
- Agora  temos a Árvore de Natal - responderam.
 A cabecinha de criança não podia entender essa brusca mudança. No lugar do  seu belo presepe botaram uma árvore  cheia de bolinhas coloridas, lacinhos de fitas, velas e até mesmo um velhinho gordo de barbas brancas. Quem seria aquele velhinho barrigudo sempre sorrindo?
- É o Papai Noel, o bom velhinho que dá presente a todo mundo, ele vem à noite, entra pelo telhado, ou pela chaminé e coloca presentes nos sapatinhos - disseram.
Luisinho, seu amiguinho predileto,  da sua idade,  estava ao seu lado, atento, não perdia uma só palavra.Observava curioso a bela árvore  armada num canto da sala. Arregala os olhinhos numa atitude de admiração ao ouvir falar do bom velhinho. Jamais ganhou um presente, seria então agora. Pensou. Seus olhos se iluminaram, seu coração acelerou, ia esperar o bom velhinho na noite de Natal. Como toda criança, ele também reinava no país do faz-de-conta. Sonhava acordado, esperava agitado o dia de Natal, para ganhar  um belo presente. O que será? Uma bola? Um carrinho? Nunca tivera brinquedos, sempre brincava com os brinquedos dos amigos. Mas agora ele ia ter seu  própio brinquedo, Papai Noel era bom, dava presente  às crianças, ele também iria ganhar o seu. Assim imaginando, passava horas a fio deitado na sua caminha  estreita, no seu pequenino quarto de uma só janela, até que dormia  na doce  esperança de ganhar  um  presente. Orfão de Mãe, vivia com a madrasta bêbada, que não se importava com ele, e um pai muito bom, mas que vivia viajando. Quando este estava em casa, dava-lhe carinho, abraçava-o, contava-lhe lindas histórias, aconselhava-o.
Natal chegou e com ele  as esperanças de Luisinho  se renovaram. Não, não iria dormir, queria ver quando ele, o generoso velhinho, entrasse no seu quarto e colocasse um lindo presente nos seus sapatinhos. Naquela noite foi para  a cama mais cedo, estava frio, cobriu-se com um cobertor,  deitou de costas, as mãozinhas  cruzadas sob a cabeça,  o  olhar atento preso no teto. De quando em vez olhava  para a porta. Esperou, esperou, esperou. Cansou. Pegou no sono.  
 No dia seguinte acordou sobressaltado. Saltou da cama num pinote e foi correndo ver os sapatinhos. Nada. Ficou tão triste, tão triste, que seus olhinhos  se encheram de lágrimas. Mas  logo se refez. Pensou:
- Com certeza, Papai Noel não gostou porque eu dormi.
  Na rua, logo cedo, a meninada, entusiasmada com  os brinquedos que ganhara do bondoso velhinho,   brincava e mostrava os belos presentes.
- O que você ganhou, Luisinho? – Perguntou Lúcia.
- Nada – respondeu sem graça o menino.
- Nada?
- Nada. E saiu correndo para casa.
Todavia, Luisinho não desanimou. No ano seguinte  botou os sapatinhos  atrás da porta. Como das outras vezes,  esperou, esperou, mas o   bom velhinho não apareceu e não pôs presente nos seus sapatinhos.
Outro ano passou. O Natal se aproximava. Recanteado, Luisinho  assistia, triste e sem entusiasmo, aos preparativos para o grande evento. Então peguntou:
- Lúcia, por que será  que Papai Noel não gosta de mim?
- Não sei, Luisinho. Talvez  porque você durma muito.
- E você não dorme?
- Eu durmo, mas acordo quando ele  desce do telhado.
- E você já viu  ele ?  Como  ele é?
- Tava escuro, não vi direito.
- Pois  eu acho, Lúcia, que ele não gosta de menino pobre - disse com os olhinhos cheios de lágrimas.
Lúcia enxugou os olhinhos azuis com as mãozinhas delicadas.
- Não chora, não, seu bobinho. Mamãe disse que este ano vai ser diferente, Papai Noel vai  vir com um carro cheio de presentes e todo mundo vai ganhar  um e também vamos vê-lo de perto. Você vai ver. Ele vai trazer  o seu presente  também.
Ele sorriu. E novas esperanças brotaram naquela  alma inocente.  Não desanimou. Esperaria,  ia  conhecer o misterioso  velhinho. Quem sabe  ganharia um presentinho, nem que fosse uma bolinha de gude, um carrinho pequenininho! Será? Imaginava feliz. Como nos anos anteirores, dormiu agitado e no coraçãzinho a doce expectativa. À tardinha   o bom velhinho passaria, entregando os presentes. Tomou banho, vestiu a sua melhor roupinha, para ele muito bonita, um sapatinho surrado, penteou os  cabelos louros cacheados, foi para a porta da rua esperar o  bondoso velhinho. A alegria  se espelhava no rostinho angelical, os olhinhos azuis faiscavam de felicidade. Não demorou. Lá vem o carro, uma caminhonete, de longe divisou um homem tal qual aquele da figurinha de papelão que ele vira nas árvores de Natal, velhinho, gordo, barrigudo, roupas vermelhas, um gorro cobria-lhe a cabeça, barbas longas, brancas e sedosas,botas pretas, sentado entre um mundo de pacotes coloridos, acenava. A  música propagava-se no ar. Atrás  crianças acompanhavam o carro num alarido estonteante.
- Oba! é ele, o Papai Noel - gritou Luisinhoo com um sorriso enorme estampado no rostinho.
O carro parou  na primeira casa, depois na segunda, na terceira, em outras e outras. Seu coração batia  apressado, as mãos tremiam, os olhos espargiam luzes, a espera  era alucinante. Finalmente o carro se  aproximava cada vez mais.
- Lá vem Papai Noel! – Gritava. Batia  palmas. Lá vem ele, sorria. O carro parou na casa ao lado, a  casa da sua amiguinha,  ali todos receberam lindos e caros presntes. Lúcia sorridente, feliz, ganhou um grande embrulho.
- Agora será a minha vez, ele está tão pertinho de mim - pensava Luisinho. Não se continha de tanta felicidade, mas...
O carro não parou. Seguiu à frente. De longe, Lúcia observava, viu o rostinho de Luisinho transfigurado, triste. Ela  saiu correndo. Entrou na casa, o mundo havia desabado sobre ela. Atirou o embrulho no chão e gritava desesperadamente:
- Não quero este presente, não quero, não quero. Gritava a menina em prantos.
- Que foi, filhinha, por que diz isso? -   a Mãe, a Avó, o pai inquiriam preocupados.
- Papai Noel  é mau,  mau, mau, ele não gosta de Luisinho. Ele é perverso. Ele não deu presente para meu amiguinho.
Dona Lala, emocionada, também chorou, ao ver  a filha naquele estado, e uma brilhante idéai veio à sua mente.
A muito custo conseguiram acalmá-la.
Mais tarde, Lúcia  correu em disparada para a casa do amiguinho, gritava:
- Luisinho, Luisinho, olha aqui o seu prsente, Papai Noel  não esqueceu de você, ele, coitadinho, tão velhinho, errou, deixou seu presente lá  na minha casa!
O menino, atônito, recebeu o presente, um carrinho de madeira  pintado de vermelho e azul. Feliz  abraça a  amiguinha.
- Lúcia, Lúcia, é a voz de Clara que a chama. Assustada, volta a contemplar o imponente  PRESÉPIO. Mas  os olhos estavam embaçados pelas lágrimas que corriam  pelas faces afogueadas.

Conto publicado na Antologia Contos  e Conicas. Editada pela Scortecci, e lançada na 20 Bienal do Livro em  Sao  Paulo, Agosto de 2008.

                                                    
                                  
POESIAS

    Sauadosa Infância

Brincava de  boneca
E também de casinha,
Sob a sombra da mangueira
Eu pulava amarelinha!

Na rua pulava corda
E puxava o arrastão
Despencava ladeira abaixo
Caindo no areão!

Os meninos gostavam de bola,
As meninas de peteca
E no passeio da escola
Nós jogávamos jereba!

Jogar versos a cirandar
Nas noites lindas de verão.
Sob o encanto do luar
Ouve-se uma bela canção!

Da viola os seresteiros,
E a lua a declinar,
Sons suaves, derradeiros,
Na madrugada a dedilhar,

Era tão divertida
Aquela vida de criança,
São tantas, saudades tantas,
Do tempo da minha infância.

Guanambi, 06 de Março de 2007
Lucilia Domingues Donato                   



                
        Três amores

Com lápis e papel
Minhas netinhas sempre estão,
Desenhando e pintando
Ou rolando pelo chão!

São três rosas unidas
Enlaçadas nos braços meus.
São três netas queridas
Presentes que Deus me deu!

Camila, das três, é a primeira,
Olhar brilhante como o dia
Negra e longa a cabeleira,
Rosto lindo, que alegria!

 Letícia  doce e serena
 De pureza angelical,
 Mimosa como a açucena,
 Tesouro divinal!

Alegria teu nome simboliza,
Cobres de encanto a vida minha
Tu és o sonho que concretiza
Minha fada, minha rainha!


Emoldura o rosto teu
Cachos d’ouro a brilhar
Incrustado no camafeu,
Fernanda, beleza sem par!

São três pequeninas flores
Que cultiva o meu coração,
Enchem-me de amores.
Oh! Deus, dai-lhes proteção!  

!        Guanambi, 06 de março de 2007
          Lucilia Domingues Donato

               

FOLHAS AO VENTO

Folhas ao vento
Luzes multicores o arco-iris
Gotas de orvalho
Como lágrimas caem.

O beija- flor sedento
Da  rosa vermelha
A bebida dos deuses
Vem  sugar.

Policromas asas
Sobre os jardins floridos
Das  borboletas a voejar
Enfeites da vida.

Verdes árvores, fecundo vergel.
Por montes e vales espraiam os rios.
Como papel lançado ao vento
Vão  os  nossos amores.
                         
Poesia foi publicada na Antologia
OS  MELHORES POESIAS DE  2008 da CBJE..
          Guanambi , 09 de  abril de 2008
Lucília Domingues Donato

UM GRITO DE MORTE

Lá vai João... Foice no ombro,
Chapéu na cabeça, chinelos de couro
Na cintura o facão.
Lá vai João... Coração na mão
Cumprir a ordem do inculto patrão
Derrubar a árvore
Transformá-la em carvão.
Por entre relvas  e espinhos
Folhas  secas espalhadas no chão
Lá vai João... Triste, sozinho
Longo caminho a palmilhar:
À beira da estrada , de longe avista,
Bela , altaneira, a árvore querida
A cuja sombra fagueira  passava
Horas inteiras a dormitar.
Dos bravos guerreiros
É nobre guarida
Que apraz à vida de quem sabe amar!
Sobre os tenros galhos
Em doces agasalhos
Os passarinhos
Vão se aninhar
Lá vai João...
Sempre a pensar
Sem o teto amigo,sem o doce abrigo
Os saborosos frutos vão acabar
Frutos que saciam a fome
O que pensa o homem?

De rara beleza
A Mãe Natureza
Está a findar
Ao longe o rio chora
A fauna implora
Não mais se ouve
O lindo canto do sabiá.

Lá vai João....
Chega  ao destino
Um desatino vai praticar
Dilacera o coração.
Olha  para o céu, pede perdão
Oh! Deus, o que fazer?
Parte-lhe no peito o coração
Levanta a foice, tremem-lhe as  mãos
Ao desferir o  rude golpe
A seiva explode
E um grito de morte fez-se ouvir.
A árvore geme, as folhas tremem
E o eco se perde na imensidão
Lá está João...
Prostrado na terra a prantear.
Oh! Deus, o que fazer?
Cumprir a ordem
Ou fugir ao dever?
Derrubar? Matar? Não posso,
Prefiro morrer!

As matas imploram
E os rios choram a expirar.

Com  esta poesia a autora  conquista o titulo de  PATRONA CULTURAL DO FORUM SOBREVIVER e foi publicada na Antologia  PALAVRAS VERDES da CBJE em 2007 

       

LEMBRANÇAS
Quando  desponta  o róseo dia
E, no telhado, vem o vento  assobiar,
Quando ouço a passarada,
Lembro-me  de ti, a suspirar!

Brilha o sol e  ilumina.
Vai  a  primavera, vem o verão
E a  música que enternece
Faz  vibrar  meu  coração.

Desabrocham em  harmonia
As flores do nosso jardim,
Chuvas de pétalas  caídas
Cravos, rosas  e jasmins.
Belas rosas coloridas
Do jardim ias  roubar.
Enlaçadas ao teu sorriso
O presente a me ofertar.
E a doce e suave fragrância
Fazia-me feliz o despertar.

No profundo azul do céu
Alvas nuvens a dançar.
Na varanda  passo horas,
Horas passo   a  contemplar.
Ouço, triste, o canto alegre
Do  garboso sabiá.

Lembranças tuas presentes
Banhadas pelo luar
Nas noites frias e serenas
Penso em ti,  a suspirar!

Guanambi, 23 de  Fevereiro de 2008

Obs. Poesia publicada  Br Letras
Os mais belos poemas de amor. 




  Devastaçao..


Derrama a seiva  a árvore em flor
Perfuma o céu a tua  fragância
Sangra o coração , imensa dor,
Ao ver-te por terra  a rolar.

Ó bendito senhor das matas
Dás  à flora proteção
Ó  Cornífero , deus das florestas,
Acabas com a devastação.

Ó homem estulto, embrutecido,
De ambiçao vil e  cruel !
Tenhas da natureza piedade
Lembras te da  vindoura geração!


EVENTOS:

NOITE DE AUTÓGRAFO
LANÇAMENTO DOS LIVROS: JEREMIAS E O BURRINHO, TITO E A FLAUTA ENCANTADA

 A  Academia Guanambiense de Letras juntamente com a Escritora Lucília Domingues Donato promoveram uma Noite de Autógrafo, relaizada na  Câmara Municipal de Guanambi.








A sociedade guanambiense prestigia a escritora







Prof. Benedito Teixeira Gomes, nasceu em Pajeú do Vento, Distrito de Caetité-BA.Conclui o curso de Licenciatura em Estudos  Sociais pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caetité (UNEB). Posteriormente formou-se  em História. Professor do Centro Educacional  João Durval Carneiro. Membro  efetivo da Academia Guanambiense de Letras. Escreveu várias obras:
Mar Revolto - Poesias
Pétalas- Poesias
Alfaiates, Paixão e Idealismo - Romance
Sertão de Dentro - Romance 







Infidelidade
Não permita que outro te possua,
que te desfrute, pois, me causaria
horrendo sofrimento, pois, Maria,
vivo com outra mas minha alma é tua.

Vivo com outra porque a sorte crua
só agora, enfim, me propicia
adentrar-te a doçura e a magia,
ter-te em meus braços totalmente nua.

Uma palavra, um riso, um só olhar
a outro não concedas, pois não há
quem nesta vida a queira mais que eu.

Embora sejas linda e encantadora,
só minha alma poeta é sabedoura
do mel que ocultas sobre os lábios teus.



Penso em ti

És linda, sensual... Nos seios brancos
Dois pequenos botões de rosa pendem.
Ao vê-los meus olhinhos se acendem,
Pulsa meu coração aos solavancos.

Loiras madeixas soltas pelos flancos,
À semelhança de águas que desprendem
Das cordilheiras, quando as surpreendem
Os bafos do verão com feros trancos.

Teus olhos, tua boca, a alva pele
A mais e mais querer-te me impele,
Com força tal que, às vezes, me preocupa.

Já não controlo mais minha vontade,
Quando por ti meu peito queima e arde,
Quando minha mente de pensar-te ocupa.


EQUÍVOCO

Flertei-te apenas, quando deveria
Ter-te em meus braços pela vida inteira.
Tratei-te como mera aventureira,
Imaginei que nunca te amaria.

Entregaste-me tudo o que traria
À minha alma deleite e paz fagueira,
Mas envolto num véu de atra cegueira,
Indiferente a ti, te deixaria.

Longe de ti, eu pude, finalmente,
Compreender que errara enormemente
Desprezando o amor que a mim me deste.

Quisera hoje pedir-te mil desculpas,
Mas receio que para minhas culpas
Não haja mais perdão, nada mais reste.

INTROSPECÇÃO                                                       

Quisera em versos mostrar-te                          
A dimensão do que sinto;
Não fosse o espaço sucinto,
Viria assim declarar-te

Quem sabe, em prosa, daria
Pra argumentar à vontade.
Acho que apenas diria
A coisa pela metade.

Vir oralmente, até creio,
Não seria má ideia.
Acho mais fácil à plateia
Abrir a entranha do seio.

Mostrar-te meus sentimentos
É missão quase impossível.
É contemplar o invisível,
Deter a fúria dos ventos.

Talvez mais fácil seria
Transformar a Terra em Céu,
Cobrir a noite com um véu
Mais claro que a luz do dia.


Pesadelo

Mesmo que não me queiras te amarei,
Ter-te-ei junto a mim no pensamento.
Povoarás meu íntimo... Julgarei
Deitar-me junto a ti, quando ao deitar-me.

Virás nos sonhos meus... Virás beijar-me
Tal colibri à flor, na primavera.
Com volúpia e paixão, a recrear-me,
Sobre tua nudez engolfarei.

Dos teus lábios, nos sonhos, colherei
Declarações de amor, juras sinceras.
Com um beijo tua face enxugarei,
Encharcada de lágrimas de amor.

Sobressaltado e triste... Pela dor
Trespassado, a cada amanhecer,
Salto da cama trêmulo, sem ter
Disposição pra vida em seu labor.


EDUCAÇÃO


Sob a cortina do tempo
Embuça a infância do Homem
- tempos remotos, pueris –,
Quando tudo era comum,
Ninguém dizia ser um.
Um dia, enfim, um infeliz,
Engendrou a propriedade,
Fez implodir a igualdade.

A Educação viu-se às voltas
Com o surgimento da escola
- lugar da elite, do ócio –
Não por acaso, a ciência
Do plebeu, sem condolência,
Dissociou, com divórcio,
No entanto, a indústria, a cidade,
Emergem com grande alarde!

Volvem-se os Tempos Modernos,
Do Capital... Do arcabouço
Positivista... E a Ciência
Incorpora-se à produção,
Transformando a Educação,
Conforme, então, a exigência:
Universal, laicizada.
Ei-la, afinal, transformada!

A Educação se converte
Num meio de produção
E de poder, um instrumento.
A burguesia intervém,
Brandindo: “às massas convém,
Do Ensino, o vil rudimento”.
Traindo o próprio discurso,
Segue o burguês seu percurso.

Saber é poder, diz Bacon;
É meio de produção.
Eis, pois, a contradição
Do tal discurso burguês.
Ao operário compete
Um patamar irrisório,
Conhecimento simplório;
Tecnicista, talvez.

A automação, a informática
Requerem, no entanto, agora
Não mais o mínimo que outrora
Restava ao vil proletário.
Uma grau maior de instrução
É o que exige o sistema.
Não possuí-lo é problema,
É, certamente, exclusão.




ACADÊMICA PROFESSORA TEREZINHA TEIXEIRA SANTOS








DÉLIA DE CASTRO COSTA SANTOS

Délia de Castro Costa Santos nasceu em Guanambi- Ba. Formada em Magistério pela Escola Normal de Caetité. Ocupou vários cargos: Delegada Escolar Residente de Candiba- BA. Assistente de Direção do Grupo Escolar  Idalice Nunes, Secretária da Unidade Escolar Municipal de Mutans, Coordenadora das Escolas Muncipais  e Secretária de Educação do Municipio de Guanambi.
É membro efetiva da Academia Guanambiense de Letras. Escreveu os livros de poesias:
Águia  Solitária;
Um  Mergulho no Passado;
Não Mais...  
Mais Além...
 Haicais. 




HOMENAGEM AO PATRONO
- Otelino Ferreira Costa-
(Acróstico)


Oh! Tu, que sempre te doas,
Tendo como lema principal
Estender a todos a tua mão.
Lavando as ofensas no ideal:
Igualdade - Liberdade - Fraternidade
Norteias, assim, tua vida
Orientado pelo Autor da humanidade.


Feliz, bem-aventurada a família tua:
Esposa, filhos e netos teus;
Representando tua estirpe em louros,
Radiantes criaturas de Deus.
Espalhas a todos o  teu amor
Irmanando-os, num só caminho,
Rumo à perfectibilidade humana e,
Assim, jamais estarás sozinho.

Cubra-te de bênçãos o G A D Universo!
Olvidando ofensas e aversos
Sempre deste o SERVIR como resposta.
Todo carinho filial, profundo e terno
 OTELINO FERREIRA COSTA. 



MINHA SANTA QUERIDA



Minha Mãe! Santa querida!
Pois, santa já em vida.

Quisera uma grande poetisa ser
para em eloquentes  versos, dizer
o quanto te quero bem.
"Rainha do Lar"! Já o disse alguém,
"Ditoso o filho que ainda a tem".
Irradias paz, ternura e carinho,
na trajetória do teu caminho.

Minha mãe! Santa querida!
Pois, santa já em vida.

Quisera uma carona pegar
nas asas do vento e voar
ao mais alto dos infinitos,
para que, em todos os sentidos
e em todos os quadrantes do mundo
minha voz se faça ecoar,
e bem alto eu possa gritar
meu amor , por ti, tão profundo.

Que mais te poderei dizer
que não o tenham feito
os pobres versos meus?
Resta-me, tão somente agradecer.
Obrigada, Mãe querida!
Deste-me o ser, a vida.

És um grande presente
que Deus me deu.



SOLIDÃO

Em meio à solidão
sinto-me só.

Pessoas ao lado,
em passos apressados
ou, talvez, cadenciados.
Eu, pensando ao andar,
ou... andando, sem pensar.

 Em meio à multidão
sinto-me só.

No templo do Senhor,
um eloquente pastor
numa bela alocução.
Povo em oração,
aleluia e louvação.
Eu, ouvindo sem escutar,
olhando sem enxergar
cantando sem louvar.


Em meio à multidão
sinto-me só.

Você diz que, quer se parecer comigo.
Cuidado, amigo!
Isto pode ser um perigo.
O que, aparentemente, pode parecer verdade,
talvez, no subconsciente,
na traduza a realidade.

Não se espante com o meu dizer,
Todos nós somos assim, pode crer.
Somente no âmago, no interior,
está nosso "eu" perfeito como Deus nos criou.
Não entendendo seu real valor,
enxergamos, apenas o exterior.
O invólucro, a casca, tudo o mais é pó.
Vê através da matéria - é ilusão.
Portanto, sem  medo algum de errar,
faça você, também, ecoar bem alto,
a declaração:
SINTO-ME SÓ
EM MEIO À MULTIDÃO.





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